sexta-feira, 13 de maio de 2011

Ilusão se escreve com Ilusão

“A tecelã” é um espetáculo teatral adaptado do conto “A moça tecelã”, de Marina Colassanti. Produção da Companhia Caixa de Elefante, fundada em 1991, a peça inclui, além da interpretação dos atores, a manipulação de bonecos e a interação com vídeos. O resultado é todo um arsenal artístico tornado teatral para viabilizar a ilusão, convidar o público para embarcar na história, bem entreter.

A história trata de uma tecelã que tece um mundo novo para si. Nesse mundo há um príncipe, por quem a tecelã se apaixona. A relação entre os dois, no entanto, não segue o padrão ideal do resto do mundo criado. Isso motiva a criadora a destecer o mundo, a desfazê-lo. A narrativa, tanto de Colassanti como da Caixa de Elefante, permite uma metáfora sobre as relações, sobre as intenções, sobre os sonhos que, às vezes, aprisionam o homem contemporâneo. Paulo Balardim, doutorando em Artes Cênicas, une as ilusões que a personagem cria na literatura às ilusões que a encenação cria, essas que estimulam, por sua vez, as ilusões que a plateia cria ao assistir o belíssimo espetáculo. Todos os elementos postos em cena demonstram habilidade, eficiência e técnica. O espetáculo encanta, diverte e faz pensar.

Carolina Garcia, a atriz, mantém à disposição do espetáculo e sua assistência um corpo bem treinado, capaz de criar significantes potentes para a constituição de sentido. Todos os seus movimentos são eficientes e esteticamente bem postos. Exatamente o mesmo se pode dizer sobre as atrizes manipuladoras (Alice Ribeiro e Rita Spier), sobre a iluminação, sobre o figurino e a organização cênica que serve de lugar para as ações se darem a acontecer.

O ritmo do espetáculo, ainda que, em determinado momento, se torne constante e cansativo, faz da obra próxima a um espetáculo de dança. Os acontecimentos se dão ao natural, tão bem interligados que eles parecem estar. A relação entre a Tecelã e o Príncipe, num específico ponto, se redunda, se repete e não traz nada que outrora já tenha trazido. O resultado é alguns minutos de tédio em meio às excelentes imagens que acontecem antes e depois desse pequeno período.

“A tecelã” é a manifestação do que teoricamente se diz sobre a construção do espetáculo teatral: trata-se um misto de diferentes unidades, diferentes elementos que, justapostos, controem uma só linguagem, um só texto.

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Ficha técnica:
Direção de encenação, dramaturgia e concepção estética: Paulo Balardim
Assessoria para efeitos especiais de ilusionismo: Eric Chartiot
Direção musical e composição de trilha original: Nico Nicolaiewsky
Elenco: Carolina Garcia, Alice Ribeiro e Rita Spier
Construção de bonecos, silhuetas de sombra e cenotécnica: Cia. Caixa do Elefante Teatro de Bonecos
Figurinos: Margarida Rache, Rita Spier
Iluminação: Bathista Freire e Daniel Fetter
Produção de Vídeos: Beterraba Filmes
Manipulação de Imagens em Vídeo: Zé Derli
Técnico e operador de Som: Gabriel Lagoas
Operador de luz: Daniel Fetter
Coordenação de Produção: Carolina Garcia
Classificação etária: 12 anos
Gênero: Teatro de Animação

Por Rodrigo Monteiro
http://www.teatropoa.blogspot.com/ /

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